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sábado, 5 de junho de 2010

NA RUA DE SUCUPIRA


NA RUA DE SUCUPIRA, O PRIMEIRO LIVRO DE LUCIANO ROCHA

A apresentação que faço de Na Rua de Sucupira, de Luciano Rocha, proporciona-me a possibilidade de mergulhar num universo cultural e social que me fascina, pois, também dele teimo em continuar fazendo parte. Numa época marcada por uma literatura eminentemente urbana, tematizar o interior e a periferia do Brasil acaba sendo um ato de coragem, mas sobretudo de compromisso com as raízes de uma cultura que está morrendo ou que teima em resistir.
O engajamento do escritor ocorre quando ele vislumbra a necessidade de fazer continuar vivendo algo substancial, humano e socialmente autêntico. É o que faz Luciano Rocha, também “bicho da terra”, como sou, ao resgatar “estórias” e “histórias” de nossas redondezas, do mato e da periferia.
Seus contos-estórias, no sentido roseano, preenchem espaços vazios, neste início de século, na Literatura nordestina, quando traz ao conhecimento do leitor a magia, as superstições, o misticismo, o erotismo, enfim o “modus vivendi” de parte da população esquecida e marginalizada, mas que ressuscita em “casos e causos” , tão bem literariamente urdidos nesse livro.
O exercício de resgate desse “modus vivendi” tem como mola propulsora a memória que serve de alavanca para que o escritor filtre, entre as várias “estórias” contadas, os laços humanos, culturais e sociais subjacentes, principalmente, em regiões em que o progresso tecnológico ainda não teve tempo para inexoravelmente deixar suas marcas.
Numa linguagem leve e de acentuado humor, de fundo predominantemente oral, popular e regional, Luciano Rocha dá um testemunho de que é possível fazer boa literatura, sem uso excessivo de retórica e de artifícios lingüísticos, que servem, no mais das vezes, para torná-la ininteligível. Na Rua de Sucupira, o leitor se depara com um universo lingüístico familiar e acessível.
Ler e apresentar seus contos-estórias é fascinante para mim, visto que proporciona adentrar-me num universo humanamente autêntico, de laços sociais e culturais arraigados, não ao episódico mas à tradição cultural e social. Foi um exercício lúdico e de conhecimento mergulhar em vinte e cinco “estórias” urdidas nas argamassas das memórias.

Alexandre Santos
Professor de Literatura brasileira

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